No vasto panorama das narrativas bíblicas, algumas figuras permanecem parcialmente ocultas nas sombras da história, mencionadas brevemente, mas carregando significados profundos para a compreensão do contexto histórico e espiritual das Escrituras. Naamã, frequentemente referida como a primeira esposa do rei Salomão, é uma dessas personagens enigmáticas que, apesar da menção sucinta, teve papel significativo na história de Israel e no desenvolvimento do reinado de um dos mais célebres monarcas bíblicos.
Este artigo explora quem foi Naamã, seu papel como esposa de Salomão, sua possível influência no reino e as lições que podemos extrair dessa relação matrimonial que se desenvolveu durante o período áureo da monarquia israelita. Embora as informações diretas sobre ela sejam limitadas nas Escrituras, uma análise cuidadosa dos textos bíblicos e do contexto histórico nos permite formar um quadro mais completo dessa importante figura feminina.
A Identidade de Naamã e sua Conexão com Salomão
Antes de explorarmos a relação entre Naamã e Salomão, é essencial estabelecer sua identidade conforme apresentada nas Escrituras. Nas passagens bíblicas, encontramos algumas referências a uma mulher chamada Naamã que estaria conectada ao rei Salomão, embora a natureza exata dessa conexão seja objeto de diversas interpretações entre estudiosos bíblicos e historiadores.
Referências Bíblicas a Naamã
No texto bíblico, encontramos menções a uma figura chamada Naamã em diferentes contextos. É importante notar que o nome “Naamã” aparece em relação a diferentes personagens na Bíblia, o que pode causar confusão na identificação precisa da pessoa referida como esposa de Salomão. As principais referências incluem:
- Em 1 Reis 14:21-31, encontramos menção a Naamã como sendo a mãe amonita de Roboão, que foi filho de Salomão e seu sucessor ao trono de Israel. Este versículo indica: “Roboão, filho de Salomão, reinou em Judá. Tinha quarenta e um anos quando começou a reinar, e reinou dezessete anos em Jerusalém, a cidade que o Senhor escolhera dentre todas as tribos de Israel para ali pôr o seu nome. Sua mãe era amonita e chamava-se Naamã.”
- Em 2 Crônicas 12:13, encontramos confirmação semelhante: “Assim o rei Roboão se fortificou em Jerusalém, e reinou. Tinha quarenta e um anos quando começou a reinar, e reinou dezessete anos em Jerusalém, a cidade que o Senhor escolhera dentre todas as tribos de Israel para ali pôr o seu nome. Sua mãe chamava-se Naamã, a amonita.”
- Outras referências ao nome “Naamã” na Bíblia incluem um comandante do exército sírio (em 2 Reis 5) e um descendente de Benjamim (em Gênesis 46:21), que claramente não são a mesma pessoa que estamos discutindo.
Estas referências bíblicas nos fornecem a informação crucial de que Naamã era uma mulher amonita que se tornou mãe de Roboão, o filho de Salomão que o sucedeu como rei. Isso estabelece que ela foi, de fato, uma das esposas de Salomão, embora a Bíblia não declare explicitamente que ela foi sua primeira esposa.
Origem Amonita e Implicações
Um aspecto fundamental da identidade de Naamã é sua origem amonita. Os amonitas eram um povo que habitava a região a leste do rio Jordão, descendentes de Ben-Ami, filho de Ló (Gênesis 19:38). Historicamente, os amonitas mantinham uma relação complexa e frequentemente hostil com Israel.
Esta origem estrangeira de Naamã é significativa por várias razões:
- A lei mosaica desencorajava casamentos com mulheres de nações pagãs, especialmente moabitas e amonitas (Deuteronômio 23:3-6)
- Tal união representava não apenas uma aliança política, mas também trazia o risco de influências religiosas pagãs
- O casamento de Salomão com Naamã pode ter sido parte de sua política de estabelecer alianças através de casamentos com nações vizinhas
- A presença de uma amonita como mãe do herdeiro do trono teria implicações significativas para a política interna e externa de Israel
A escolha de Salomão em tornar o filho de Naamã seu sucessor, especialmente considerando sua origem estrangeira, levanta questões importantes sobre as dinâmicas de poder, influência e sucessão no reino de Israel durante este período.
O Contexto Histórico do Casamento de Salomão com Naamã
Para compreender plenamente o significado do casamento de Salomão com Naamã, devemos considerar o contexto histórico em que esta união ocorreu. O reinado de Salomão foi marcado por uma expansão sem precedentes da influência política, econômica e cultural de Israel na região.
O Reino de Salomão e suas Alianças Políticas
Salomão ascendeu ao trono após a morte de seu pai, o rei Davi, por volta de 970 a.C., e reinou até aproximadamente 931 a.C. Durante este período de quase 40 anos, Israel experimentou o que muitos historiadores consideram sua “Idade de Ouro“, caracterizada por:
- Prosperidade econômica sem precedentes
- Expansão territorial e consolidação das fronteiras
- Desenvolvimento cultural e arquitetônico significativo, incluindo a construção do Templo
- Estabilidade política através de alianças com reinos vizinhos
Uma estratégia fundamental para manter esta estabilidade política foi o estabelecimento de alianças matrimoniais com nações vizinhas. A Bíblia relata que Salomão “se aliou ao Faraó, rei do Egito, casando-se com sua filha” (1 Reis 3:1), demonstrando que este tipo de aliança política era uma prática comum durante seu reinado.
A tabela abaixo apresenta uma visão geral das principais alianças matrimoniais de Salomão mencionadas ou inferidas através das Escrituras:
Origem da Esposa | Propósito Político | Implicações Religiosas | Resultado |
---|---|---|---|
Egito (filha de Faraó) | Aliança com a maior potência regional | Introdução de práticas egípcias | Prestígio e proteção |
Moabe | Pacificação da fronteira oriental | Culto a Quemós | Sincretismo religioso |
Amom (Naamã) | Segurança na fronteira nordeste | Culto a Moloque | Mãe do sucessor (Roboão) |
Edom | Controle das rotas comerciais | Cultos edomitas | Acesso a portos |
Sidônia | Aliança comercial marítima | Culto a Astarote | Materiais para o Templo |
Hititas | Aliança com remanescentes hititas | Diversas práticas pagãs | Expansão da influência |
Dentro deste contexto histórico, o casamento de Salomão com Naamã, a amonita, representava uma estratégia política para garantir a segurança da fronteira nordeste de Israel e estabelecer relações amistosas com Amom, um reino que tinha historicamente relações tensas com Israel.
Cronologia Provável do Casamento
Embora a Bíblia não forneça datas precisas para o casamento de Salomão com Naamã, podemos fazer algumas inferências baseadas nas informações disponíveis:
- Salomão começou a reinar por volta de 970 a.C.
- Roboão, filho de Naamã e Salomão, tinha 41 anos quando começou a reinar após a morte de Salomão (1 Reis 14:21)
- Salomão reinou por 40 anos (1 Reis 11:42)
- Isso sugere que Roboão nasceu por volta do início do reinado de Salomão
Considerando estes fatos, é razoável concluir que o casamento de Salomão com Naamã ocorreu nos primeiros anos de seu reinado, possivelmente como parte de suas primeiras iniciativas para consolidar alianças políticas. Isso também sugere que Naamã pode ter sido, de fato, uma de suas primeiras esposas, se não a primeira, corroborando a tradição que a identifica como “a primeira esposa de Salomão.”
A Posição de Naamã no Harém Real
A Bíblia relata que Salomão teve “setecentas mulheres, princesas, e trezentas concubinas” (1 Reis 11:3), criando um harém de proporções extraordinárias mesmo para os padrões dos monarcas antigos. Dentro desta vasta coleção de esposas, a posição específica e a influência de Naamã são tópicos que merecem atenção especial.
Hierarquia no Harém de Salomão
Nos haréns reais do Antigo Oriente Próximo, existia tipicamente uma hierarquia clara entre as esposas. Esta hierarquia poderia ser baseada em diversos fatores:
- Ordem cronológica das uniões
- Origem nobre ou status político da esposa
- Favoritismo pessoal do monarca
- Fertilidade e capacidade de gerar herdeiros masculinos
- Influência política das famílias de origem
Com base na evidência bíblica e no contexto histórico, podemos inferir aspectos da posição de Naamã dentro desta hierarquia:
- Mãe do herdeiro: O fato de seu filho Roboão ter se tornado o sucessor de Salomão sugere que ela ocupava uma posição de destaque, independentemente de ser ou não a primeira esposa cronologicamente.
- Influência política: Como amonita, Naamã representava uma aliança política importante, o que provavelmente lhe conferia certo status no harém.
- Persistência religiosa: A influência contínua da religião amonita durante o reinado de Salomão e posteriormente na era de Roboão sugere que Naamã manteve sua identidade cultural e religiosa, possivelmente indicando um nível de autonomia incomum.
A decisão de Salomão de nomear Roboão como seu sucessor, apesar de sua ascendência parcialmente estrangeira, sugere que Naamã conseguiu assegurar uma posição de destaque dentro da complexa dinâmica do harém real. Isso é ainda mais notável considerando que Salomão provavelmente tinha muitos outros filhos de suas numerosas esposas.
Comparação com Outras Esposas Proeminentes
Para entender melhor a posição de Naamã, é útil compará-la com outras esposas conhecidas de Salomão:
- A filha de Faraó: Mencionada especificamente em 1 Reis 3:1, recebeu uma residência especial e representava a aliança mais prestigiosa internacionalmente.
- Naamã, a amonita: Mãe do sucessor Roboão, demonstrando sua influência significativa.
- Esposas sidônias e hititas: Mencionadas coletivamente em 1 Reis 11:1-2, contribuíram para a apostasia religiosa de Salomão.
O fato de Naamã ser identificada individualmente pelo nome e origem em conexão com Roboão sugere sua proeminência relativa entre as esposas de Salomão. Enquanto muitas das esposas permanecem anônimas nas narrativas bíblicas, a identificação específica de Naamã indica sua importância na história subsequente de Israel.
A Influência Religiosa de Naamã sobre Salomão e Israel
Um dos aspectos mais significativos do casamento de Salomão com Naamã e outras esposas estrangeiras foi seu impacto na vida religiosa de Israel. A Bíblia é explícita ao atribuir o declínio espiritual de Salomão à influência de suas esposas estrangeiras.
O Declínio Espiritual de Salomão
Em 1 Reis 11:1-8, lemos um relato direto de como as esposas estrangeiras influenciaram negativamente a devoção de Salomão a Deus:
“O rei Salomão, porém, amou muitas mulheres estrangeiras, além da filha de Faraó: moabitas, amonitas, edomitas, sidônias e hititas. Eram de nações das quais o Senhor tinha dito aos israelitas: ‘Não se casem com elas, porque inclinarão o coração de vocês para seguir os deuses delas’. A elas, porém, Salomão apegou-se com amor. Teve setecentas princesas e trezentas concubinas, e suas mulheres o desviaram. À medida que Salomão foi envelhecendo, suas mulheres o induziram a voltar-se para outros deuses, e o seu coração não permaneceu totalmente dedicado ao Senhor, o seu Deus, como tinha sido o coração de Davi, seu pai.”
Como amonita, Naamã teria trazido consigo o culto a Moloque (também chamado Milcom), a principal divindade dos amonitas. A Bíblia especificamente menciona que Salomão construiu um altar para Moloque (1 Reis 11:7), provavelmente em consideração a suas esposas amonitas, incluindo Naamã.
Consequências para a Próxima Geração
A influência religiosa de Naamã não se limitou ao reinado de Salomão, mas estendeu-se à próxima geração através de seu filho Roboão. Após a morte de Salomão, o reino se dividiu em dois: o Reino de Israel ao norte e o Reino de Judá ao sul, com Roboão reinando sobre Judá.
Durante o reinado de Roboão, observamos a continuação de práticas religiosas sincréticas:
“Judá fez o que o Senhor reprova. Pelos pecados que cometeram, despertaram a ira do Senhor, mais do que os seus antepassados o tinham feito. Também construíram para si altares idólatras, colunas sagradas e postes sagrados em todos os lugares altos e debaixo de todas as árvores frondosas.” (1 Reis 14:22-23)
Esta persistência de práticas idólatras durante o reinado de Roboão sugere que a influência religiosa de Naamã se estendeu além do tempo de vida de Salomão, afetando a trajetória espiritual da nação de maneira duradoura.
Avaliação do Impacto Espiritual
A narrativa bíblica apresenta uma visão inequivocamente negativa do impacto religioso das esposas estrangeiras de Salomão, incluindo Naamã. No entanto, é importante considerar este impacto no contexto mais amplo:
- Este sincretismo religioso não era simplesmente uma questão de preferência pessoal, mas uma apostasia nacional com graves consequências para a aliança entre Deus e Israel.
- A introdução de cultos estrangeiros minou a exclusividade da adoração a Yahweh, que era fundamental para a identidade nacional e religiosa de Israel.
- A construção de altares para deuses estrangeiros criou uma institucionalização da idolatria que persistiu por gerações.
- A divisão subsequente do reino após a morte de Salomão pode ser vista, em parte, como consequência desta infidelidade religiosa.
A influência de Naamã exemplifica como as decisões matrimoniais de Salomão, motivadas por considerações políticas, tiveram profundas implicações espirituais e históricas. Este episódio serve como um poderoso lembrete bíblico de como a vida pessoal e as escolhas de um líder podem afetar o destino espiritual de uma nação inteira.
Naamã como Mãe de Roboão: Impacto na Sucessão Real
O papel mais concreto e historicamente significativo de Naamã foi como mãe de Roboão, que se tornou rei após a morte de Salomão. Esta conexão maternal tem implicações profundas para a compreensão da história subsequente de Israel e Judá.
A Escolha de Roboão como Sucessor
A Bíblia não fornece detalhes específicos sobre o processo pelo qual Salomão escolheu Roboão como seu sucessor. No entanto, considerando que Salomão tinha numerosas esposas e provavelmente muitos filhos, a elevação do filho de Naamã ao trono sugere possíveis cenários:
- Primogenitura: É possível que Roboão fosse o filho mais velho de Salomão, o que explicaria naturalmente sua sucessão.
- Favoritismo por Naamã: Salomão pode ter favorecido Naamã entre suas esposas, elevando assim o status de seu filho.
- Influência política: A conexão amonita pode ter oferecido vantagens políticas que Salomão desejava preservar através da sucessão de Roboão.
- Habilidades pessoais: Roboão pode ter demonstrado qualidades que o tornaram, aos olhos de Salomão, o candidato mais adequado para a sucessão.
Qualquer que seja a razão específica, o fato de que o filho de uma esposa amonita se tornou herdeiro do trono de Israel tem implicações significativas para a compreensão da dinâmica política e religiosa do reino.
O Reinado de Roboão e a Herança de Naamã
Quando Roboão assumiu o trono após a morte de Salomão, Israel estava prestes a passar por uma das maiores crises políticas de sua história. O reino unificado, que havia prosperado sob Davi e Salomão, estava prestes a se dividir.
1 Reis 12 narra como Roboão rejeitou o conselho dos conselheiros mais velhos em favor do conselho de seus jovens companheiros, aumentando a carga tributária sobre o povo. Esta decisão levou à rebelião das tribos do norte, que estabeleceram um reino separado sob a liderança de Jeroboão.
Esta divisão do reino levanta questões importantes sobre a influência de Naamã sobre seu filho:
- Em que medida a herança cultural amonita de Roboão através de sua mãe influenciou seu estilo de liderança?
- O preconceito contra sua ascendência parcialmente estrangeira contribuiu para a rejeição de sua autoridade pelas tribos do norte?
- A influência religiosa de Naamã sobre Roboão contribuiu para a tolerância contínua a práticas idólatras durante seu reinado?
Não podemos responder a estas perguntas com certeza, mas é plausível que a herança materna de Roboão tenha desempenhado algum papel nos eventos que levaram à divisão do reino e nas políticas religiosas subsequentes.
Legado de Longo Prazo
A influência de Naamã através de seu filho Roboão se estendeu por gerações. Como rei de Judá, Roboão estabeleceu uma dinastía que continuaria por séculos até o exílio babilônico. Todos os reis subsequentes de Judá eram descendentes de Naamã através de Roboão.
Este legado dinástico significa que, ironicamente, a linhagem davídica – tão central para a promessa messiânica – foi parcialmente descendente de uma mulher amonita. Este fato ilustra um tema recorrente nas Escrituras: como Deus frequentemente trabalha através de situações e pessoas improváveis para cumprir seus propósitos divinos, apesar das falhas humanas.
Lições Contemporâneas da História de Naamã
A narrativa de Naamã como esposa de Salomão e mãe de Roboão oferece várias lições relevantes para os leitores contemporâneos, independentemente de seus contextos culturais ou religiosos.
A Importância das Escolhas Matrimoniais
O casamento de Salomão com Naamã e outras esposas estrangeiras teve consequências profundas e duradouras, não apenas para sua própria vida espiritual, mas para toda a nação de Israel. Esta narrativa destaca:
- A interconexão entre decisões pessoais e impacto público, especialmente para líderes
- Como compromissos aparentemente pequenos podem levar a grandes desvios de valores fundamentais
- A importância de considerar a compatibilidade de valores e crenças em relacionamentos íntimos
Para leitores contemporâneos, a história oferece um estudo de caso poderoso sobre como escolhas matrimoniais podem ter ramificações que se estendem muito além da relação imediata.
Influência Cultural e Religiosa em Relacionamentos
A influência de Naamã e outras esposas estrangeiras sobre Salomão ilustra como as relações íntimas podem se tornar canais de influência cultural e religiosa:
- Em relacionamentos próximos, existe uma tendência natural à acomodação e compromisso
- Valores e práticas religiosas são particularmente vulneráveis à influência dentro de relacionamentos íntimos
- A força de vontade e convicção pessoal, mesmo de indivíduos excepcionalmente sábios como Salomão, pode ser erodida através de relações afetivas
Esta dinâmica convida os leitores contemporâneos a considerar conscientemente como seus relacionamentos íntimos estão moldando suas convicções, práticas e identidade.
O Papel das Mulheres na História Bíblica
Embora frequentemente relegadas a menções breves nas narrativas bíblicas, mulheres como Naamã exerceram influência significativa sobre o curso da história:
- A influência de Naamã se estendeu por gerações através de seu filho e descendentes
- Sua herança cultural e religiosa moldou aspectos da vida nacional israelita
- Seu papel como mãe do sucessor de Salomão garantiu sua importância histórica duradoura
Esta realidade convida os leitores contemporâneos a reconhecer a influência substancial que indivíduos aparentemente marginais nas narrativas históricas podem ter exercido, mesmo quando suas vozes não são diretamente registradas.
O Padrão Divino de Trabalhar Através do Improvável
Talvez a lição mais profunda da história de Naamã seja como Deus frequentemente trabalha através de circunstâncias e pessoas improváveis:
- Uma mulher amonita, de um povo tradicionalmente hostil a Israel, torna-se parte da linhagem real
- Apesar da infidelidade religiosa associada à sua influência, Deus ainda usa sua descendência
- A linhagem davídica, central para o plano messiânico, incorpora esta herança improvável
Esta realidade oferece esperança aos leitores contemporâneos, reafirmando que Deus pode trabalhar através de circunstâncias imperfeitas e pessoas improváveis para cumprir seus propósitos divinos.
Conclusão: A Importância Histórica e Espiritual de Naamã
Naamã, a esposa amonita de Salomão e mãe de Roboão, pode não ocupar um lugar proeminente nas narrativas bíblicas em termos de espaço textual dedicado a ela. No entanto, seu impacto na história de Israel e no desenvolvimento da monarquia davídica foi profundo e duradouro.
Como mulher estrangeira incorporada ao harém real, Naamã representa o encontro de culturas e religiões que caracterizou o período da monarquia unida. Sua influência religiosa, junto com a de outras esposas estrangeiras, contribuiu para o declínio espiritual que marcou os últimos anos do reinado de Salomão. Como mãe de Roboão, ela se tornou progenitora da linhagem real que governaria Judá até o exílio babilônico.
A história de Naamã nos lembra que, frequentemente, são as figuras menos proeminentes nas narrativas que exercem influência determinante sobre os acontecimentos históricos. Seu legado complexo – tanto negativo em termos de influência idólatra quanto positivo como parte da linhagem davídica – ilustra como Deus trabalha mesmo através de situações imperfeitas para cumprir seus propósitos soberanos.
Para os leitores contemporâneos, Naamã serve como um lembrete poderoso da importância das escolhas pessoais, da influência dos relacionamentos íntimos, e do impacto duradouro que indivíduos aparentemente periféricos podem ter no desenrolar da história.
Para mais informações sobre personagens bíblicos e estudos aprofundados das Escrituras, visite o Glossário Bíblico, seu recurso completo para exploração e compreensão da riqueza das narrativas bíblicas.
Perguntas Frequentes
1. A Bíblia afirma claramente que Naamã foi a primeira esposa de Salomão?
Não, a Bíblia não declara explicitamente que Naamã foi a primeira esposa de Salomão. O que sabemos com certeza das Escrituras é que Naamã era uma mulher amonita que se tornou mãe de Roboão, o filho de Salomão que o sucedeu como rei. A tradição de que ela foi sua primeira esposa pode ser baseada em inferências históricas e no fato de que seu filho se tornou o sucessor, sugerindo um status especial.
2. Por que Salomão se casou com uma mulher amonita apesar das advertências contra tais uniões?
Salomão se casou com mulheres de várias nações, incluindo amonitas, como parte de sua estratégia política para estabelecer alianças. Embora a Lei Mosaica desencorajasse tais uniões, especialmente com povos cuja influência religiosa poderia desviar Israel da adoração a Yahweh, Salomão priorizou considerações políticas e diplomáticas. Esta decisão eventualmente teve as consequências negativas que a lei buscava evitar.
3. Qual divindade os amonitas adoravam e como isso influenciou Israel?
Os amonitas adoravam principalmente a Moloque (também chamado Milcom), uma divindade frequentemente associada a sacrifícios infantis. A Bíblia registra que Salomão construiu um altar para Moloque (1 Reis 11:7), provavelmente por influência de suas esposas amonitas, incluindo Naamã. Esta introdução de cultos pagãos em Israel representou uma grave violação da aliança com Yahweh e teve consequências espirituais duradouras.
4. Por que Roboão, filho de uma estrangeira, se tornou rei em vez de outros filhos potenciais de Salomão?
A Bíblia não explica especificamente por que Salomão escolheu Roboão como seu sucessor. Possíveis razões incluem: ele poderia ser o filho mais velho, Salomão poderia ter favorecido Naamã entre suas esposas, considerações políticas relacionadas à aliança amonita, ou qualidades pessoais de Roboão que o tornaram o escolhido de Salomão para a sucessão.
5. A divisão do reino após a morte de Salomão teve alguma relação com a ascendência parcialmente estrangeira de Roboão?
Embora a Bíblia não atribua diretamente a divisão do reino à ascendência de Roboão, é possível que sua herança parcialmente amonita tenha influenciado sua abordagem de liderança ou como ele era percebido pelas tribos. O fator determinante explicitamente mencionado foi sua decisão de aumentar a carga tributária, seguindo o conselho de seus jovens assessores em vez dos conselheiros mais experientes.
6. Como a Bíblia avalia o impacto das esposas estrangeiras de Salomão, incluindo Naamã?
A Bíblia avalia negativamente o impacto das esposas estrangeiras de Salomão. 1 Reis 11:1-8 estabelece claramente que estas esposas “desviaram seu coração” de Deus e o levaram à idolatria. Este declínio espiritual é apresentado como uma quebra da aliança com Deus e como um fator que contribuiu para os problemas subsequentes do reino, incluindo sua divisão após a morte de Salomão.
7. Quais aspectos positivos podemos extrair da história de Naamã na narrativa bíblica?
Apesar das avaliações negativas de sua influência religiosa, a história de Naamã ilustra como Deus pode trabalhar através de circunstâncias improváveis. Como ancestral da linhagem davídica que continuou em Judá, ela se tornou parte da genealogia que eventualmente levaria ao Messias. Sua história demonstra a soberania de Deus em utilizar mesmo situações imperfeitas para cumprir seus propósitos divinos.
8. Quantas esposas Salomão tinha e qual era a posição de Naamã entre elas?
Segundo 1 Reis 11:3, Salomão tinha setecentas mulheres de posição real (princesas) e trezentas concubinas. A posição exata de Naamã dentro desta vasta coleção não é especificada, mas o fato de seu filho ter se tornado o sucessor de Salomão sugere que ela ocupava um lugar de destaque, independentemente de sua posição cronológica ou formal no harém real.
9. Que tipo de relacionamento Naamã provavelmente tinha com Salomão, considerando o tamanho de seu harém?
Com um harém de mil mulheres, é improvável que Salomão mantivesse relacionamentos íntimos profundos com cada uma. Casamentos reais no antigo Oriente Próximo frequentemente funcionavam como alianças políticas, com muitas esposas raramente vendo o rei. No entanto, o fato de Naamã ter tido um filho que se tornou rei sugere que ela pode ter desfrutado de acesso e favor consideráveis, pelo menos durante certos períodos.